quinta-feira, 24 de junho de 2010

Maria Rita canta O Rappa em apresentação regada a dor de cotovelo em São Paulo

Cantora mostrou segurança e técnica precisa diante do aconchegante público do Tom Jazz.

Um clima de dor de cotovelo, com canções rasgadas sobre os males de amor, marcou o novo show de Maria Rita, que estreou nesta segunda (21), na intimista casa Tom Jazz, em São Paulo.



Maria Rita chegou mais introspectiva, mas logo dominou o palco do Tom Jazz

Com apresentação marcada para 21h30, os primeiros acordes da banda só foram ouvidos às 22h47. Parecia que a cantora queria um público já relaxado do dia de trabalho antes de recebê-la.

De vestido vermelho brilhante, que deixava as torneadas pernas de fora, ela subiu confiante – mas um tanto quanto introspectiva – no palco, para cantar
Conceição dos Coqueiros com aquele movimento de braços fruto da herança genética de sua mãe, Elis Regina – se bem que Elis deve boa parte da postura de palco ao coreógrafo Lennie Dale. Mas isso já é outra história.

Na segunda música do show,
Santana, Maria Rita parecia estar em transe. E emendou com Cupido, feita pelo amigo Claudio Lins, que, no fundo da plateia, se derretia. A esta, seguiu-se a malemolência de Caminho das Águas. O público flutuou. Já senhora do palco, Maria Rita resolveu conversar com a pequena platéia.



- Esse show é um exercício. Venho de uma turnê, Samba Meu, que tinha tudo grandioso: palco, troca de figurino, público de até 3.000, 10 mil, 60 mil pessoas. Comecei em casas pequenas e é um grande exercício voltar a fazer isso. Estou apavorada [risos], vocês me desculpem.
Porém, logo se mostrou à vontade em sentir de pertinho a respiração de quem a assistia.
- É bacana ver os olhos das pessoas lá atrás. Se bem que o lá atrás não é tão lá atrás assim.
Maria Rita disse que não tem pretensão de transformar o show intimista em disco ou DVD. Quer apenas cantar. O competente trio de músicos formado por Tiago Costa (piano e teclado), Cuca Teixeira (bateria) e Silvinho Mazuca (baixo) faz o milagre de se transformar numa big band, tamanha competência.




E dá-lhe dor de cotovelo em Soledade, Casa Pré-fabricada,Trajetória e O Que É o Amor. Maria Rita ainda mostrou domínio absoluto da voz ao cantar Cria e também o samba estourado nas rádios paulistanas Num Corpo Só. O ritmo continuou latente em Conta Outra, para logo dar lugar a uma pegada rock’n’roll em Muito Pouco. Ares feministas marcaram Pagu, antes de Maria Rita embarcar no jazz.

- Desde que comecei a ouvir música por mim mesmo – porque, caçula de dois irmãos mais velhos, foi muito difícil conseguir isso [risos] –, eu escutava Ella Fitzgerald, Nat King Cole e Frank Sinatra. Tenho uma influência muito forte do jazz.





Tal influência foi explicitada nos arranjos das três canções seguintes: Só de Você, A História de Lili Brown e Não Vale a Pena.

Para terminar, Maria Rita fez uma escolha que deixou a impressão de ter sido bem pessoal: cantou
Minha Alma, sucesso de O Rappa, banda liderada por Falcão, com quem viveu um romance e que hoje está nos braços da modelo Isabeli Fontana.

Completando a ironia no
grand finale, Maria Rita voltou no bis para cantar Encontros e Despedidas e finalizou com Cara Valente, que tem os sugestivos versos: “Foi escolher o mal-me-quer entre o amor de uma mulher e as certezas de um caminho. Ele não pôde se entregar e agora vai ter de pagar com o coração. Olha lá, ele não é feliz...”

Maria Rita

Quando: toda segunda, até 12 de julho, às 21h
Onde: Tom Jazz - av. Angélica, 2.331, Higienópolis. São Paulo (SP)
Preço: R$ 150
Informações: (11) 3255-0084 ou www.tomjazz.com.br


POSTADO POR : Charlotte Borges

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